terça-feira, 23 de outubro de 2007

Instituto Popó transforma jovens em atletas

Por Gina Santos

Sem contar com ajuda do governo ou de parceiros, o Instituto Acelino Popó Freitas oferece aulas de boxe para 160 crianças entre meninos e meninas, de 10 a 17 anos da comunidade do Arraial do Retiro, no bairro do Cabula. Com o objetivo de promover a inclusão social, o desenvolvimento, transformação da realidade e a mudança do cotidiano das crianças que não tem nenhuma perspectiva na vida, através do esporte e da educação, fazendo deles verdadeiros atletas.
Criado pelo tetra-campeão mundial de boxe, o projeto tem o ideal de fazer com que as crianças e adolescentes saibam dos seus direitos e deveres como cidadãos para que lutem por uma vida mais digna. “Tem muitos garotos na rua que estão precisando de um apoio. E foi com essa finalidade que abrimos o instituto, para que esses garotos saiam das ruas e tenham alguma oportunidade. Eles estudam à tarde e treinam de manhã aqui no instituto. Não ficam de bobeira, sempre terão alguma atividade”, conta o treinador de alunos, Luís Cláudio.
A sede localizada na Rua Flor das Barreiras é em um galpão, onde possui ringue e um vasto material esportivo, como luvas de boxe, sacos de areia, capacete protetor, bate saco, entre outros. As aulas acontecem pela manhã e pela tarde, duas vezes por semana, durante uma hora. A parte administrativa do projeto é formada por Conselho Superior, Conselho fiscal, Diretorias de Planejamento, Jurídica, Administrativa e Social. O único recurso financeiro que eles possuem é de Popó, que fez a compra do galpão e arca com as despesas do lugar, como água e luz e manutenção de equipamentos e materiais esportivos. Como voluntários, os treinadores dão as aulas e amigos e parentes ajudam no que for preciso.
A implantação do Instituto no bairro trouxe mais visibilidade e amenizou a incidência de assaltos. “Todos respeitam por saber que ali tem um lugar que é de Popó, e por saber que ele está sempre aqui. Até nisso o Instituto ajudou.” Conta Amélia, 55 anos. Ela que também tem um filho no IAPF e se diz orgulhosa de vê-lo se empenhando de verdade em alguma atividade. “Eles tratam o esporte e educação como prioridades na vida de uma criança, isso é muito importante. Eu sempre vou levá-lo no galpão, assisto às aulas e fico muito feliz. Vou agradecer ao Popó pra sempre, é um menino de ouro. Acredito que meu Felipe se interessou mais pelos estudos e com a saúde”, afirmou.
Alessandra Oliveira, 12 anos, enfrentou muito preconceito por ser a única menina da turma da tarde. Os pais não aceitavam e os seus colegas ficavam criticando e minimizando a capacidade dela de ser uma boa pugilista. Conta que enfrentou tudo isso e hoje está muito feliz com a escolha. Segundo ela, sempre teve uma vida sedentária. “Às vezes eu faltava aula na escola, porque não conseguia acordar cedo. Depois que comecei a fazer aulas no galpão e a participar dos torneios eu me senti melhor. Acho que minha saúde melhorou. Valeu a pena”, conclui com risos.
Daniel Santos, 14, fala que antes de entrar no instituto, ele ficava o dia todo nas ruas, correndo vários riscos. “A gente ficava no meio da rua, jogava bola, ficava andando pra lá e pra cá, ou então de bobeira mesmo. Agora a gente tem uma atividade decente, vamos lá pra o galpão treinar, é bem melhor”. Declarou.
O IAPF realizou recentemente um torneio na sede do projeto com mais de 250 pessoas. Foi o 1º Torneio de Boxe Sub-17. Eles competiram com alunos de outras academias de boxe da cidade e região. Foram 20 lutas e os alunos do Instituto Acelino Popó Freitas ganharam nove delas, com direito a medalhas e troféus. Para assistir ao torneio a entrada era de R$ 2ou 1 kg de alimento não perecível, que servirá como ajuda ao Projeto.

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