terça-feira, 23 de outubro de 2007

Didá aposta na arte para educar jovens

Po Josenara Sales

“A Didá atua na transformação através do resgate da auto-estima e identidade cultural. Os jovens aprendem a amar a si, pois esse amor próprio previne contra as drogas, a violência, à iniciação sexual, preparando o intelecto das pessoas para o melhor”, afirma Vivian Caroline, coordenadora da instituição. A Associação Educativa e Cultural Didá nasceu no dia 13 de dezembro de 1994, idealizado pelo maestro Neguinho do Samba e desde então vem contribuindo para o desenvolvimento cultural de jovens de baixa renda, em especial “mulheres”, moradoras do Pelourinho e de outros bairros.
A associação funciona com alguns projetos paralelos, sendo a banda “a menina dos olhos” do projeto, na medida em que, a mesma divulga as ações da associação, nesse conjunto tem um grupo que já faz shows fora da cidade e outro que realiza apresentações aqui, formando um grande grupo de percussão. Além disso, tem o projeto de preparação para crianças, com aulas de canto e dança, cursos, carnaval e apresentações eventuais de espetáculo teatrais.
“Quando cheguei aqui não sabia nada, agora já tenho experiência e ensino um pouco do que sei as pessoas que chegam, vejo um futuro maravilhoso pra mim. Viajei pra França por causa da Didá, sempre falo com minhas amigas para entrar aqui, porque é ótimo”, diz muito empolgada a aluna Viviane Jesus, 14 anos, moradora do Pelourinho, que faz parte da Didá desde os 6 anos de idade, quando sua mãe resolveu matricular ela na associação para que ela tivesse uma oportunidade.
Atualmente a Didá conta com quatro funcionários e alguns professores voluntários, que geralmente são alunos veteranos e estudantes de outros estados ou países, que após fazer o contato com a instituição, vêm para Salvador e aproveitam o período para ensinar o que sabem. É o caso de Gisela Santos que veio dos Estados Unidos há quatro meses e desde então, ensina os alunos da Didá os passos do Hip hop.
Outro exemplo de cidadania é o do Thiago Nascimento, estudante de Línguas estrangeiras, da UFBA em Valença. “Sempre quis trabalhar com ações sociais e quando soube da Didá fiz o contato com eles e vim aqui pra Salvador, ensinar para esses jovens carentes, que necessitam de um apoio, para que eles possam ter a oportunidade de um futuro melhor”. Diz Thiago, que faz um trabalho áudio-visual, utilizando vocabulários do cotidiano para o fácil exercício do idioma. O método é o mesmo utilizado por ele no curso de Inglês no qual é professor.
Localizada no Pelourinho, a Associação Educativa e Cultural Didá precisa de reformas urgentes: desde a sua arquitetura até problemas de encanação e energia elétrica. Logo na entrada é possível perceber a estrutura simples e defasada. Mesmo com todas as dificuldades a Didá vem se mantendo firme em seus projetos, devido à boa vontade dos voluntários e funcionários, para isso eles vão criando ações que viabilizem o retorno financeiro, como show de cachê ou show de permuta onde trocam os ingressos por alimentos, materiais de limpeza, materiais para escritório.
“O samba reggae nasceu no Pelourinho e o tambor é um instrumento que faz parte da cultura local e é claro que os shows e apresentações geram renda, mas isso depende do evento, para as instituições privadas nós estabelecemos valores ou permutas, que variam de acordo com a característica do evento. Já as apresentações nas escolas ou setores públicos em sua maioria são gratuitos, essa realidade muda de acordo com a situação”, respondeu Vivian Caroline, ao ser questionada sobre a forte presença de meninas tocando tambor no Pelourinho, fato que atrai turistas para a comunidade. Atualmente eles não recebem apoio financeiro da prefeitura, embora esteja com toda documentação em dias para receber, eles conseguem eventualmente apoios para o carnaval por ser um evento grande necessita de patrocínio. Os cursos oferecidos pela associação são gratuitos e atende a todos os moradores da cidade de Salvador, independente do bairro, para os turistas, que procuram à instituição eles cobram uma taxa de acordo com o que eles querem aprender. Toda renda adquirida é revertida para as meninas que fazem parte do projeto e com a instituição, para o pagamento dos funcionários, conta de água, luz, dentre outras.

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